HOMILIA NA MISSA DA INSTITUIÇÃO DO MINISTÉRIO DE CATEQUISTAS
Amado povo de Deus da Arquidiocese de Palmas, padres, diáconos, catequistas, chamadas e escolhidas para serem instituídas ao Ministério de Catequista, na Carta que o Vidente envia às sete Igreja, termina, todas eles, pedindo que se escute “o que o Espírito diz à Igreja” (Ap 2,7,11,17,26,29;3,6,13,22).
O que mesmo o Espírito Santo, nosso padroeiro, diz aqui e agora, à nossa Igreja? O segredo é escutar a voz, com atenção e com o coração, o que Deus nos falou que a resposta está dada.
O Espírito me diz que ainda sou principiante neste serviço. Esta é primeira vez que presido a missa de Instituição do Ministério de Catequistas. Mas, como diz o Papa Francisco: é preciso “primeirar”. Espero que esta seja a primeira de muitos. Hoje é um dia memorável para a vida pastoral, missionária e ministerial da nossa Arquidiocese. Esta celebração não é uma invenção e nem modismo espiritual e pastoral. Estou cumprindo um mandato da minha Igreja. Esta nossa solicitude é o que o Espírito está pendido à Igreja, neste milênio, para parafrasear novamente Papa Francisco. É dele a determinação. Não faria se não fosse permitido pelo Papa. Citando, mais uma vez, o Papa Francisco, eu que quero uma salva de Palmas para ele.
Mas, o que mesmo o Espírito diz à nossa Igreja? Primeiramente, é preciso visitar a Palavra de Deus, apenas ouvida. Na Introdução Geral do Missal Romano, diz que “quando se leem as Sagradas Escrituras na Igreja, é o próprio Deus que fala ao seu povo, e Cristo, presente em sua palavra, que anuncia o evangelho” (IGMR 29).
Jesus é o Evangelho vivo de Deus. Ele é o Verbo que se fez Carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Jesus é o exegeta de Deus, Pai, melhor dizendo, é o intérprete, o catequista do Pai. E a sua exegese-catequese é teológica, pastoral e vivencial. Como ele mesmo disse no Evangelho, apenas ouvido, qualquer um que crer em Jesus receberá o conhecimento do Pai. Ele diz que veio ao mundo para iluminar o rosto do Pai (Jo 12,46). E disse ainda que fala conforme o Pai lhe falou (J12,50). Oxalá, a nossa exegese-catequese seja também assim. A nossa vocação e a missão catequética é por mandado e delegação divinas.
Muito brevemente, da Liturgia da Palavra, destacarei as quatro atitudes para um bom, ou melhor, para uma boa catequista:
Primeira atitude: a Beleza. É do profeta Isaías, o evangelista e catequista, no AT, esta primeira atitude: “Como são belos, andando sobre montes, os pés de quem anuncia e prega a paz” (Is 52,7). Aqui está o nascimento da teologia da beleza de quem tem os pés para anunciar a paz. Dostoiévski disse que “a beleza salvará o mundo”. Von Balthasar pergunta: quem o homem mais belo do mundo? E ele mesmo responde: o homem mais belo do mundo é Jesus Crucificado. A missão minha e de vocês, catequistas, é anunciar esta beleza que salva o mundo. Como são belos os pés dos mensageiros…
Segunda atitude: a Alegria. Esta é atitude pedida pelo catequista Paulo, à Comunidade de Filipo, e também a nós: “alegra-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos” (Fl 4,4). Não se evangeliza simplesmente com a cara feia. Embora alguém queira, cara feia não convence a ninguém. A evangelização se dá com um sorriso no canto da boca. Esta mesma atitude foi pedida a Maria, no dia da anunciação: alegra-te, cheia de Graças (Lc 1,28). Alegrai-vos sempre no Senhor…
A terceira atitude: Ressoar. O salmista do Salmo 18, que também é um catequista, nos pede que façamos com que o som da Palavra de Deus ressoe e se espalhe por toda a terra (Sl 18,5). Desta palavra “ressoar” tem origem a palavra catequese: ecoar, ou ressoar a Palavra. Catequista é aquele ou aquela que faz ressoar a Palavra de Deus com sua vida e seus atos. Fazei ressoar a Palavra de Deus em todo lugar…
E, por fim, a quarta atitude: Crer. É de Jesus, no evangelho ode hoje, esta última atitude: quem crer em mim, crê naquele que me enviou (Jo 12,44). E João diz que Jesus falou isto em alta voz. Em alta voz também eu digo: catequista é para cuidar da fé das pessoas. Cuidar da fé é cuidar da vida das pessoas. Este ministério é uma das formas dos leigos saírem da menoridade eclesial. Catequista, catequista, vai anunciar…
Veja, quantas coisas boas e bonitas o Espírito diz à nossa Igreja. Pratiquemo-nas.
Neste Dia da sinfonia vocacional dos catequistas e dos outros ministérios leigos, inspirados em São Bartolomeu, que morreu martirizado, após arrancarem sua pele (esfolado), por amor a Jesus e a sua Igreja, permanecemos firme na fé, na vocação e na missão de catequistas.
Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo de Palmas
Palmas, 24/08/2024
Festa de São Bartolomeu