Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo de Palmas
“Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria” (Sl 90,12). Segundo a revelação bíblica, saber contar os dias é o caminho mais seguro para a sabedoria do coração. O que tem a ver a contagem dos dias com sabedoria do coração? Tudo a ver. É muito linda a viagem no tempo. Gosto muito deste tipo de viagem. Pequena é a nossa história, mas cheia de vida e de Deus. Nas asas do Espírito Santo o nosso tempo voou.
Em anos, não muito longínquos, o poder era exercido pela força. Mais tarde, pelo dinheiro. E hoje pela mente e pelo conhecimento humano e sintético, incluindo a inteligência artificial. Hoje, exerce poder quem domina os sistemas das redes sociais. O nosso poder é proveniente do Espírito Santo. Sabedoria e entendimento são dons do Espírito Santo. E contamos sempre com eles. É por causa disto, que o Papa Francisco pede a sabedoria do coração para uma comunicação plenamente humana.
Vamos contar bem e, com sabedoria do coração, os nossos dias? A cidade de Palmas completará, no dia 20/05, deste ano, 35 anos de criação. A Arquidiocese de Palmas completará, no dia 31/05, 28 anos de instalação. E a Catedral de Palmas, também neste ano, já completou 20 anos. Sete anos e oito meses depois da instalação da Arquidiocese, foi criada a Paróquia Catedral Divino Espírito Santo.
Palmas possui o formato de uma cruz. A haste vertical é a Avenida Teotônio Segurado e a haste horizontal, a Avenida JK. Segundo fui informado, o Cruzeiro esculpido, pelo artesão Arnildo Antunes, em pau-brasil, inserido em frente ao Palácio Araguaia, no dia 18 de maio de 1989, foi o primeiro monumento artístico e histórico erguido na Capital. O pé deste foi o cenário da primeira missa celebrada em Palmas, no dia do lançamento da sua pedra fundamental. No coração desta cruz está fincada a Catedral de Palmas. Quase pronta. Ali ela se ergue no formato de uma tenda de reunião ou na imagem de uma noiva, enfeitada para o casamento. O noivo já está pronto e preparado pelo Espírito. Já está cruzando os umbrais. E a noiva ainda está no salão de beleza da construção civil. É como diz a música: “já escuto os seus sinais” (Alceu Valença). Já estou em contagem regressiva e em compasso de espera. Não vejo a hora deste enlace festivo.
Sábio é quem sabe esperar, sem se desesperar. Há um estado de espírito próprio para a espera. Jesus se valeu deste estado de espírito na parábola das dez virgens (Mt 25,1-13). É hora, portanto, de colocar azeite e de acender a lamparina. Não deixar o azeite acabar e nem a lamparina apagar. E nem ser imprevidente. Óleo e luz são símbolos do Espírito Santo. O tempo da espera é tempo de vigilância, de compromisso, de construção e de espiritualidade. E espiritualidade vem do Espírito Santo.
E por falar em construção, este ano o Festejo do Divino Espírito Santo tem como tema: “Catedral, 20 anos, uma Igreja construída de pessoas”. Jesus, a Pedra Angular (At At 4,11; Lc 20,17), comparou o apóstolo Pedro a pedra fundamental da sua Igreja (Mt 16,18). E Pedro, por seu lado, denominou os cristãos de pedras vivas (1Pd 2,5). Pensando bem, a Igreja de Jesus Cristo nunca foi construída exclusivamente de pedras. E nem tampouco de pedras mortas. É que, na Igreja, não existem pedras mortas. Santa Teresinha disse que “ninguém se perde sozinho”. É verdade também que não é bom esperar sozinho. O melhor sonho é o sonho em que todos sonham juntos. Na Igreja de Palmas não existem “pedras que choram sozinhas no mesmo lugar” (Raul Seixas). Quem renova a face da terra é o Espírito Santo (Sl 103,30). Ele é o smart (inteligência) da Igreja.
A Igreja de Palmas é construída, no Espírito Santo, por pessoas. Os dons do Espírito Santo são talentos ou capacidades, dados por Deus, à Igreja para sua edificação, seu crescimento e seu encorajamento. Há diversidades de dons, mas o Espírito é o mesmo (1Cor 12,4ss). O Espírito Santo é a alma da Igreja. É Ele que conduz a Igreja nos caminhos da missão. O Espírito Santo é o Transcriador de tudo na Igreja. A Igreja nasce exatamente em Pentecostes para ser uma Igreja criativa, sinodal e em saída, que voe pelas asas do Espírito.
Vamos então todos juntos fazer uma festa bonita, sem igual no calendário desta Paróquia, com memória agradecida. Porque esta deverá ser a festa de despedida do antigo Templo que nos acolheu por anos, para a nova Catedral, feita de pessoas. E já anteciparmos a festa desta nova Catedral.
E, para finalizar, espero não ter contado os nossos dias com nostalgia, mas com memória agradecida, e com a sabedoria no coração. O Espirito Santo é a vitória da Igreja. Creio no Espírito Santo renova a Igreja com a liturgia. Que o Festejo dos seus 21 anos da Catedral, construída de pessoas, seja celebrado na sua nova sede. Aleluia! Amém!