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Dom Pedro Brito Guimarães

Arcebispo de Palmas

 

“É isto o que o Espírito diz à nossa Igreja” (Ap 2,7.11.17.29;3,6.13.22).

 

              “Assim caminha a humanidade”, costuma-se dizer. E é verdade. A humanidade caminha porque a vida caminha. Hoje a Igreja de Deus que está em Palmas é uma senhora de 27 anos. Não é mais uma menina adolescente. É uma senhora e assim precisa ser vista e tratada. Se fosse uma pessoa, a esta altura da vida, já deveria estar com seu projeto de vida maduro e definido ou em fase final de maturação e de definição. Se fosse uma mulher ou um homem já estaria casada e já tinha filhos e filhas. Se fosse uma empresa já poderia ser considerada visível no seu âmbito de atuação. Se fosse uma empresária já poderia ser presidente da Junta Comercial. Se fosse o que mais, seria o que mais?

              Mas ela não é nada disso. É uma Igreja, Comunidade Eclesial de fé e de amor, que Jesus adquiriu com o seu sangue e confiou o seu cuidado existencial e pastoral ao Espírito Santo.

              A primeira geração desta Igreja já passou. Esta geração deixou suas marcas, seus sinais e seus legados. E agora a segunda geração precisa mostrar a que veio. Quais serão as marcas, os sinais e os legados que devemos deixar para as futuras gerações? Ninguém vem ao mundo por nada e para nada. Tudo o que nasce tem o seu porquê e seu para quê. Somos a única e a una Igreja de Jesus Cristo, desde os primórdios, quando ele a criou. E ele não a criou do nada e nem para nada. A Igreja custou a sua própria vida. Se não fosse por esta causa talvez Jesus nem devesse ter vindo ao mundo e morrido da forma como morreu. E é por isto que o Reino ainda hoje sofre violência (Mt 11,12).

              Na ótica de Jesus a Igreja é edificada sobre uma Pedra chamada de “fé de Pedro”. Esta Igreja, no entanto, não pode ser confundida com um “templo”, por mais belo que seja, feito de pedras, mas como Igreja-Pedra (Mt 16,18) e Pedra Viva (1Pd 2,4-5), feita de pessoas vivas, a fim de que todos tenham vida em abundância (Jo 10,14). E isto não foi nem a carne e nem o sangue que revelou a Pedro e a nós. Foi o Pai que está no céu (Mt 16,17). Está aqui gravado a felicidade de Pedro.

              Hoje a dura realidade se impõe sobre nós. Não é possível não perceber isto. O mundo não é mais o mesmo. As cabeças e corações das pessoas não são mais os mesmos. As tensões sociais e eclesiais se intensificam, se solidificam e se institucionalizam. Na mesma justa medida a sinodalidade também se impõe como graça, vocação, comunhão, participação e missão. Diz o Instrumento de Trabalho do Sínodo 2023-2024, número 7: “Caminhar juntos, ou seja, tornar-se sinodal é o caminho para nos tornarmos verdadeiramente discípulos e amigos daquele Mestre e Senhor que disse de si mesmo: ‘Eu sou o caminho’” (Jo 6,14). No envio dos discípulos por Jesus, de ontem, de hoje e de sempre, ele os pede que anunciem o Reino, curem os doentes, expulsem os demônios e ressuscitem os mortos (Mt 10,8). Não são os sadios que precisam de médicos (Mt 9,12). Aos não-clarividentes o vidente divino receitou uma gotinha de colírio (Ap 3,18).

              Portanto, devemos ter olhos clínicos para ver e entender a nossa realidade eclesial. Para termos uma imagem clara e nítida, necessitamos de uma avaliação global, de uma visão holística (por inteiro) da nossa Igreja. Geralmente os médicos iniciam uma cura entendendo a realidade do paciente. A anamnese (visão integral da realidade) é o começo e a principal avaliação nesse processo. Todos os exames e terapias dependem dessa avaliação inicial.

              Na atual conjuntura, mudanças e curas medicinais se fazem necessárias. Parafraseando o cartunista, Maurício de Sousa, Palmas é hoje uma Igreja, “dona da rua e da própria história”.

              Diante de tudo isto, as perguntas finais, que não podem calar, são as seguintes: diante do atual contexto, onde residem as nossas forças e as nossas fraquezas? Quais são as nossas maiores ameaças? Quais são as nossas possibilidades e potencialidades? Onde chegamos e onde queremos chegar? O que devemos ser,  fazer e viver? Não fazer nada é nada ser e de nada viver.

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